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Empresário quer bancar o restauro da “Mulher Rendeira”. A escultura poderá ser instalada na Aldeota

Por Pompeu - Em 03/06/2020 às 9:21 AM

Desde a última sexta-feira, 29 de maio, quando o cantor e compositor Calé Alencar divulgou o desmonte da “Mulher Rendeira” e comunicou à Secultfor o desaparecimento da obra do jardim do Banco do Brasil (BB) da agência da Praça do Carmo, no Centro de Fortaleza, o sumiço da estátua se alastrou feito um vírus pelas as Redes Sociais de artistas.

Mas, felizmente, a escultura do artista pernambucano José Corbiniano Lins (1924-2018), instalada em 1966 na Av. Duque de Caxias com Av. Barão do Rio Branco, reapareceu. Os pedaços da obra foram encontrados em um container pelo professor e construtor de brinquedos José Viana da Silva, 39, -antes de seguirem para o lixão do Jangurussu- e foram devolvidos ao Banco do Brasil.

Agora a obra será restaurada e poderá ser instalada no coração da Aldeota, mais precisamente,  na agência do Banco do Brasil do Varanda Mall, no cruzamento da Av. Senador Virgílio Távora com Av. Dom Luís.

Isso mesmo! É que diante de toda a polêmica envolvendo a escultura da “mulher rendeira”, o empresário José Pinto(Zé) Filho, sensibilizado, enviou nota à superintendência do Banco se disponibilizando a arcar com os custos de restauração da estátua.

Ze Filho E Rafaela Pinto

Zé Filho e Rafaela Pinto   Foto: Portal IN – Balada IN

“Diante de toda essa polêmica envolvendo a escultura da “Mulher Rendeira” que foi destruída no Banco do Brasil, fiquei sensibilizado e escrevi uma mensagem para a superintendência do Banco me dispondo a arcar com o restauro”, declarou Zé Filho em nota que publicamos na íntegra.

“Boa tarde! Me chamo Zé Filho, sou proprietário do Varanda Mall, onde funciona uma agência Estilo do BB. O prédio do Varanda, era a casa dos meus pais. Confesso que fiquei sensibilizado com o que aconteceu com a escultura da ‘Mulher Rendeira’. Meu pai foi funcionário do BB, trabalhou vários anos na agência onde ficava aquela obra. Queria me colocar à disposição de pagar pela restauração da escultura e oferecer o Varanda como local para ser sua nova casa. Coloco-me ao inteiro dispor, caso possa colaborar.”

Em nota, Fabiano Piúba, secretário da Cultura do Ceará, informou que Alênio Carlos, coordenador de Patrimônio Cultural da Secult já conversou com José Viana para dar start ao processo de restauro.

“O Banco do Brasil também já vem tomando providências. A Secult tem o interesse de fazer o restauro e, caso o BB não tenha mais condições de assumir a obra, o Estado solicitará a doação. Um lugar interessante que pensamos seria a praça Luiza Távora (Ceart), mas sabemos que o lugar da “Mulher Rendeira” é no jardim da agência do banco na Duque de Caxias”, escreveu Fabiano Piúba.

A Coordenaria de Patrimônio Cultural e Memória da Secult dispôs a Escola de Artes e Ofício Thomaz Pompeu Sobrinho para tocar o restauro. O banco, de acordo com José Viana, financiará a reparação da obra que será orçada pelo próprio professor.

A gerência do Banco do Brasil da Praça do Carmo informou que “está em contato com autoridades e intervenientes e estuda meios de restaurar a obra – considerando os aspectos legais e artísticos envolvidos”. E que adotará ações para a reinstalação da escultura.

De acordo com a gerência da instituição bancária, “a retirada da escultura, que está registrada no patrimônio do BB, é resultado de erro de execução no projeto de engenharia, que previa a remoção da escultura durante as obras exatamente para protegê-la, com sua posterior reinstalação”.

Segundo o comunicado da Diretoria de Marketing e Comunicação da instituição bancária, “o Banco do Brasil lamenta profundamente o erro de execução da empresa contratada na realização da reforma. Assim, tão logo tomou ciência dos fatos, o BB iniciou os procedimentos administrativos cabíveis para apurar as devidas responsabilidades, tanto internamente quanto junto à empresa contratada”.

Três esculturas

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Mulher Rendeira, A “Mulher Rendeira”, escultura do artista pernambucano José Corbiniano Lins (1924-2018), desapareceu do jardim do Banco do Brasil (BB) da agência da Praça do Carmo. Foto: José Viana

O pernambucano José Corbiniano Lins, falecido em 2018, aos 96 anos em Recife, é autor de três esculturas públicas expostas em Fortaleza. De acordo com o jornalista Gilmar de Carvalho, além da “Mulher Rendeira”, Corbiniano esculpiu a estátua de “Martins Soares Moreno e Iracema”, que está na avenida Beira-Mar e o “Monumento ao Vaqueiro” exposto na praça da antiga entrada do aeroporto Pinto Martins.

A “Iracema”, de Corbiniano Lins, foi inaugurada em 1965 com a presença do presidente Castelo Branco, no início da ditadura militar no Brasil (1964-1985), na gestão do prefeito Murilo Borges.

De acordo com o livro “O artista Zenon Barreto e a arte pública na cidade de Fortaleza”, de Sabrina Albuquerque, também em 1965 foi instalado o “Vaqueiro” onde hoje o cearense chama de aeroporto velho. E no ano seguinte, a “Mulher Rendeira”.

O artista
José Corbiniano Lins nasceu em Olinda, em 1924, e faleceu em março de 2018 após sofre um infarto. Ele iniciou nas artes como pintor no Atelier Coletivo de Olinda. Na década de 1950, militou no movimento de arte moderna de Recife ao lado de Abelardo da Hora, Reynaldo Fonseca, Samico e Celina Lima Verde.

Na praça General Abreu Lima, em Recife, está uma de suas obras mais importantes. Um painel de azulejos que retrata três marcos históricos ocorridas em Pernambuco. O 1817, (Revolução Pernambucana), o 1824 (Confederação do Equador) e o 1848 sobre a Revolução Praieira.

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