Videoconferência com o ministro Paulo Guedes

Presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, dirigentes de outras federações de indústrias e empresários do Nordeste reuniram-se ontem, por videoconferência, com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Eles apontaram dificuldades de acesso ao crédito e reivindicaram providências que possam atenuar os impactos econômicos da Covid-19.

Entre os assuntos tratados, eles se queixaram que determinadas exigências, por parte dos bancos, acabam por impedir o acesso ao recurso para micros e pequenos negócios. O ministro pediu que os pleitos fossem encaminhados, oficialmente, e prometeu soluções já para o início da próxima semana.

Apesar do anúncio da expansão da oferta de crédito dos bancos públicos, especialmente pelo BNB, as lideranças industriais do Nordeste apontaram que as empresas enfrentam obstáculos como a exigência de Certidão Negativa de Débitos, Certificado de Regularidade do FGTS, declaração de RAIS Negativa, bem como ausência de registro no CADIN.

Outra questão é a da falta de padronização nas exigências documentais pelos bancos públicos, para obtenção de empréstimos. “Enfrentamos o excesso de burocracia, lentidão nas análises dos pedidos e necessidade de atendimento presencial. Precisamos que tais exigências sejam suspensas pelo período de 90 dias e que sejam adotados processos mais ágeis de avaliação, como o atendimento digital por aplicativos para smartphones”, defendeu o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante.

Paulo Guedes

Paulo Guedes afirmou que a orientação dada aos bancos é a de facilitar ao máximo o acesso ao crédito. “Inclusive, para quem já tem a dívida, sugerimos que as entidades façam a rolagem automática nesses três meses”, destacou. A cobrança dos empresários não se restringiu, entretanto, apenas aos públicos. Para eles, o governo deve interceder juntos aos bancos privados, que operacionalizam a distribuição do crédito com esse intuito.

Cavalcante conta que o ministro solicitou que todos os pedidos fossem encaminhamos, por escrito e com a máxima brevidade. “Ele(Guedes) prometeu analisar a possibilidade de dispensar algumas dessas documentações. Acreditamos que até a próxima segunda (13) ele já comece a tomar providências oficiais junto aos bancos”, afirma. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, também presente no encontro, adiantou que, também na próxima semana, será votada a PEC-10, que aborda a dispensa da Certidão Negativa de Débito.

Além do ministro da Economia, Paulo Guedes, do presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, e do líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, participaram da reunião os presidentes das federações das indústrias da Paraíba, Francisco Gadelha; do Rio Grande do Norte, Amaro Sales; da Bahia, Ricardo Alban; do Piauí, José Filho; de Pernambuco, Ricardo Essinger; e empresários de todos os estados da Região.

Demandas do Nordeste

Ricardo Cavalcante vem atuando fortemente para atenuar os efeitos do novo coronavírus nas empresas

O Nordeste conta, atualmente, com cerca de 83 mil estabelecimentos industriais, que geram 1.433.000 empregos. Ricardo Cavalcante conta que o ministro Paulo Guedes afirmou que o Governo Federal já investiu R$900 bilhões de reais em projetos por conta da pandemia do novo coronavírus. “O ministro sempre atua com austeridade e firmeza”, avalia o presidente.

Entre as várias colocações dos líderes industriais do Nordeste, se destacaram, segundo Ricardo Cavalcante, a discussão da demanda contratada das empresas de energia, renegociação de dívidas com mais velocidade pelos bancos públicos, alongamento de dívidas existentes, troca de taxas de juros dos contratos pelas taxas atuais, renegociação das dívidas do Fundo Constitucional (FNE) e Fundo de Investimentos do Nordeste (FINOR). O retorno do ministro foi positivo sobre a renegociação, afirma o presidente da FIEC. “O ministro disse que iria iniciar as tratativas sobre esse assunto”.

Ao final da reunião, Ricardo Cavalcante convidou o ministro Paulo Guedes para proferir palestra na FIEC, quando acabar a crise do coronavírus, e tratar, entre outros assuntos, sobre o Nordeste. O ministro aceitou o convite.

PROJETO DE LEI

Ricardo Cavalcante, Tasso Jereissati

Após mobilização da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com participação efetiva do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante, junto aos senadores cearenses Eduardo Girão, Prisco Bezerra e Tasso Jereissati, os líderes partidários do Senado Federal concordaram em retirar de pauta o Projeto de Lei de autoria do Senador Irajá Abreu (PSD-TO), que suspendia as contribuições incidentes sobre a folha de salários e reduzia as contribuições do Sistema S.

Na análise do presidente da FIEC, o projeto, além de descontinuar diversos serviços e prejudicar milhões de jovens e trabalhadores e suas respectivas famílias, inviabilizaria também os esforços que o SESI e SENAI estão fazendo para ajudar no combate à pandemia causada pelo novo coronavírus. “A suspensão abrupta, por quase um ano, como previa o Projeto de Lei, das contribuições do SESI e do SENAI trariam uma economia pequena para as empresas e um impacto gigantesco para o país”, afirma.