EM AGOSTO

Petrobras vai melhorar a qualidade da gasolina nacional, mas preço deve subir

Por Marcelo - Em 27/07/2020 às 8:57 AM

O padrão da gasolina consumida no Brasil terá aumento de qualidade obrigatório a partir do próximo dia 3 de agosto, para que os motoristas obtenham desempenho maior dos veículos, e a fiscalização tenha mais facilidade de identificar adulterações.

Refinarias da Petrobras já estão se adaptando em todo o Brasil                    Foto: Divulgação

Mas a qualidade maior também pode ter impacto no preço. A mudança se deve à Resolução nº 807/2020, publicada pela ANP, estabelecendo novos parâmetros para a destilação, octanagem e massa específica da gasolina vendida no País. Especialistas  explicam o que cada uma dessas mudanças significa e como os motoristas vão se beneficiar delas.

A partir da próxima segunda-feira (3), 100% da gasolina comprada pelas distribuidoras precisarão atender às especificações. Essas empresas terão 60 dias para vender os produtos que foram comprados antes e não atendem às exigências. Já os postos de gasolina terão 90 dias, a partir de 3 de agosto, para vender os produtos que receberam antes de as especificações se tornarem obrigatórias.

A doutora em química e especialista em regulação da ANP, Ednéia Caliman, revelou que a mudança aproxima o padrão da gasolina no Brasil ao que é praticado na União Europeia, que já havia sido acompanhado por países como a Argentina e o Chile. Os parâmetros também ficarão mais parecidos com os usados nos Estados Unidos.

“A gasolina está sendo melhorada para que os motoristas não sintam problemas com a qualidade, perda de potência, falhas de partida ou problemas de detonação. Não há necessidade de nenhum ajuste nos veículos para o recebimento dessa gasolina” disse.

Ela explicou que as mudanças estão alinhadas aos atuais requisitos de consumo de combustível dos veículos e de níveis de emissões atmosféricas, considerando o cenário fases futuras do Proconve e do Programa Rota 2030.

Uma das principais mudanças é o estabelecimento de um limite mínimo de massa específica. A partir de agosto, a gasolina vendida às distribuidoras precisará ter 715 quilos por metro cúbico. Antes, os fornecedores só precisavam informar os valores desse parâmetro, e ela sempre foi menos densa que a de outros mercados.

A massa específica da gasolina está relacionada à sua densidade, e quanto maior ela for, maior é a capacidade de um mesmo volume de combustível gerar energia, e isso fará com que os veículos sejam capazes de circular mais com menos combustível.

A redução do consumo poderá ser de 4% a 6%, estimam os estudos que embasaram a mudança publicada pela ANP. Também será estabelecida uma faixa com limite máximo e mínimo de temperatura para uma evaporação de 50% da gasolina, parâmetro que é chamado de destilação e mede a volatilidade do combustível.

A terceira mudança mais relevante nas especificações é na medição da octanagem, que é importante para controlar a resistência da gasolina à detonação. Quando o combustível tem uma octanagem adequada, ele resiste mais à detonação, o que faz com que ela ocorra apenas no momento certo dentro do motor, evitando problemas mecânicos.

Gasolina será melhor, mas preço deve subir nas bombas dos postos em todo o País

Segundo a empresa, as novas regras também ajudam no combate ao combustível adulterado. “Muitos fraudadores de combustível adicionam produtos muito leves à gasolina para ganhar volume, produtos baratos”, explicou Rogério Gonçalves, especialista em combustíveis da Petrobras, lembrando que, com uma gasolina mais leve, essas fraudes eram mais difíceis de identificar.

A gasolina mais pesada e de melhor qualidade também é mais cara para ser produzida e tem maior valor no mercado internacional, que é usado como referência pela Petrobras para definir os preços de seus produtos. Em nota, a empresa afirma que “o ganho de rendimento compensa a diferença de preço da gasolina, porque o consumidor vai rodar mais quilômetros por litro”. Mas ainda não informou qual deverá ser o preço final nas bombas, pois isso depende de uma série de fatores.

O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda, avalia que possíveis adulterações na gasolina, com as novas especificações, devem ficar mais fáceis de serem identificadas. (Com informações da Agência Brasil)

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