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Ambev perde R$ 20,8 bi em valor de mercado

Por Pompeu - Em 28/02/2020 às 10:36 AM

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Ambev 

Depois de informar, ontem, queda na receita líquida e nos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do quarto trimestre de 2019, a Ambev deixou o mercado mais tenso ao projetar um aprofundamento no declínio dos principais indicadores para o primeiro trimestre de 2020. Nem mesmo a força de outros indicadores positivos nos últimos três meses de 2019 reanimaram os investidores na B3.

As ações ordinárias da empresa fecharam o pregão cotadas a R$ 14,50, com queda de 8,34%, a segunda maior do dia no Ibovespa, atrás de Gol. O valor de mercado da Ambev chegou a R$ 228,14 bilhões, com perda de R$ 20,8 bilhões no dia.

O lucro líquido da Ambev atribuído aos controladores atingiu R$ 4,10 bilhões no quarto trimestre, sendo 22% acima do registrado no mesmo intervalo do ano anterior. O lucro líquido ajustado, que exclui itens não recorrentes, cresceu 24,4%, para R$ 4,63 bilhões.

A receita líquida da companhia no quarto trimestre caiu 1%, para R$ 15,86 bilhões. Os custos de produtos vendidos cresceram 5,5%, para R$ 6,38 bilhões.

No ano, a Ambev reportou um lucro líquido de R$ 11,78 bilhões, em alta de 7,1% comparado a 2018. A receita líquida no ano cresceu 4,7%, para R$ 52,6 bilhões.

O Ebitda ajustado caiu 9,3% no quarto trimestre, para R$ 6,92 bilhões – exclui participação de não controladores, despesa com imposto de renda, participação nos resultados de coligadas e subsidiárias, resultado financeiro líquido, itens não recorrentes e despesas com depreciações e amortizações. O Ebitda ajustado em 2019 recuou 2,5%, para R$ 21,15 bilhões.

Os resultados negativos serviram de alerta para a Anheuser-Busch InBev (AB InBev), controladora da Ambev, que identificou erros estratégicos no ano passado e já traçou a correção do curso para voltar a crescer em 2020.

O presidente da AB InBev, Carlos Brito, disse que a operação brasileira não foi bem-sucedida ao decidir reajustar seus preços em julho. O movimento não foi acompanhado pelos concorrentes e a Ambev perdeu participação de mercado.

No quarto trimestre, a Ambev teve que atuar com uma política de preços mais agressiva para recuperar mercado. No Brasil, a receita por hectolitro de cerveja caiu 0,2% no período, ante mesmo intervalo de 2018. Em volume, as vendas subiram 1,4%.

Jean Jereissati Neto

Jean Jereissati Neto

“Temos que ser mais cautelosos ao olhar os números. É preciso avaliar o momento do reajuste, em quais canais, em qual mix de produtos, olhar oportunidades de categorias e a dinâmica do consumidor”, disse Jean Jereissati Neto, presidente da Ambev, em teleconferência para analistas e investidores, ontem.

A Ambev reafirmou que espera crescimento em rentabilidade em 2020, mas ainda com impacto negativo no primeiro trimestre. Em sua primeira teleconferência desde que assumiu a presidência da Ambev em janeiro, Jereissati disse que espera mais dificuldades no primeiro trimestre, mas com melhoras ao longo do ano.

“Particularmente no primeiro trimestre teremos mais pressão de custos de commodities e variação cambial. Mas também estamos cheios de oportunidades para crescer; 2020 é um ano em que teremos que ser melhores e acho que vamos conseguir”, disse Jereissati.

A partir de Bruxelas, Fernando Tennenbaum, diretor financeiro da Ambev, disse ao Valor, por telefone, que a companhia investiu mais em marketing e despesas com vendas no primeiro trimestre deste ano para acelerar o ritmo de vendas e isso deve pesar nos custos da operação durante os três primeiros meses de 2020.

A companhia estima para o primeiro trimestre queda de 17% a 20% no Ebitda da operação de cerveja no Brasil. Para o acumulado do ano, a previsão é de crescimento operacional de 2% a 5% no Ebitda. Segundo Jereissati, a Ambev apresentou resultados muito fortes no primeiro trimestre de 2019, o que torna mais difícil a comparação do trimestre atual.

A Ambev tem buscado aproximar-se mais dos consumidores, como parte da estratégia para recuperar participação de mercado no Brasil. Essas vendas representam em torno de 4% de sua receita total, disse Jereissati. A principal iniciativa nesse sentido é o Zé Delivery, um serviço on-line que conecta bares aos consumidores e lhes permite comprar e receber em casa, em até 30 minutos, cerveja gelada. Outro canal é o Pit Stop Skol, um contêiner refrigerado que é instalado em postos de gasolina, praias e hipermercados para venda de cerveja refrigerada.

A AB InBev encerrou o quarto trimestre de 2019 com lucro líquido atribuído aos controladores de US$ 114 milhões, em queda de 75% em relação ao último trimestre de 2018. A receita líquida caiu 3,3%, para US$ 13,34 bilhões. Em volume, as vendas de cerveja cresceram 0,8% no trimestre e a de bebidas não alcoólicas aumentaram 8%.

No ano, a AB InBev registrou lucro líquido de US$ 9,17 bilhões, mais que o dobro do lucro de 2018. A receita no ano caiu 1,3%, para US$ 52,33 bilhões.

A AB InBev informou em relatório que o Brasil foi o principal país a contribuir para o crescimento operacional da receita líquida em 2019. A receita avançou 7% no Brasil no ano fiscal de 2019, com crescimento em volume de 5%.( Com informações do Valor)

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